domingo, 7 de agosto de 2011

Para que serve o exame "ASLO"?


O exame “ASLO” (antiestreptolisina O) significa apenas o contato com a bactéria estreptococos resultante da produção da estreptolisina O, um anticorpo produzido pelo ser humano como mecanismo de defesa, sendo detectado no sangue através do exame “ASLO”, portanto significa apenas o contato com a bactéria estreptococos causadora de infecções de garganta e pele.
O exame para a dosagem de ASLO (antiestreptolisina O) informa apenas o contato com a bactéria estreptococos.
Níveis de ASLO elevados significam que o contato com o estreptococo ocorreu recentemente e não diagnóstico de febre reumática.
O exame de ASLO elevado não significa “febre reumática” ou “reumatismo”. Os níveis de ASLO elevados significam apenas contato anterior recente com a bactéria causadora de infecção de garganta, indicando que a infecção foi curada.
O diagnóstico de febre reumática não se confirma apenas pela presença do “ASLO” positivo, é necessária uma história de infecção de garganta prévia (02 a 03 semanas), acompanhado de febre, inflamação nas articulações (artrite migratória) e exames reumatológicos alterados (proteína C retaiva, VHS), entre outros sintomas. Dentre as doenças autoimunes desencadeadas pelo estreptococo estão: febre reumática, artrite reativa pós-estreptocócica, glomerulonefrite pós-estreptocócica e eritema nodoso.
Portanto, a presença de níveis elevados de ASLO não significa que a pessoa tem febre reumática, mas sim a resposta do organismo a uma infecção pela bactéria estreptococos. Qualquer pessoa que tenha uma infecção de garganta pode ter aumento dos níveis sanguineos de ASLO e não desenvolver febre reumática.
O uso de penicilina benzatina (Benzetacil®) para baixar os níveis de ASLO não é indicado sem a confirmação clínica de febre reumática. Portanto Benzetacil® não tem indicação para tratar reumatismo.
A dosagem periódica de ASLO para investigar reumatismo não tem indicação, somente no caso da pessoa que tem febre reumática e está fazendo uso de Benzetacil®.
O tratamento de um paciente com dor no corpo deve ser direcionado para a pessoa e não baseado apenas em exames de laboratório.
Deve-se ter certeza no diagnóstico de febre reumática, uma vez que após o diagnóstico o paciente terá que ser submetido a injeções intramusculares a cada 21 dias de Benzetacil® por um longo período de tempo, além de exames cardiológicos com freqüência, submetendo o paciente a um tratamento longo e agressivo.

“O uso de penicilina benzatina (Benzetacil®) para baixar os níveis de ASLO não é indicado sem a confirmação clínica de febre reumática.”

“O uso de Benzetacil® não tem indicação para tratar reumatismo”

O diagnóstico de febre reumática não se confirma apenas pela presença do “ASLO” positivo”

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A qualidade do sono pode reduzir as dores da artrite

     
Uma publicação da Arthritis Foundation, entidade americana sem fins lucrativos que oferece informações para auxiliar as pessoas a terem qualidade de vida com artrite, demonstrou que dormir bem ajuda a controlar as dores da artrite.
Seguem abaixo as principais recomendações da Arthritis Foundation para ajudar a melhorar a qualidade do sono:

·      Exercite-se regularmente em intensidade moderada, e lembre-se de reduzir o ritmo antes de deitar.

·      Elabore uma programação consistente de horários de sono e despertar e procure cumpri-la diariamente.

·      Não ingira cafeína ou álcool, especialmente próximo da hora de dormir.

·      Tome um banho morno antes de dormir ou ouça músicas suaves.

·      Procure ficar um pouco em silêncio ou leia um livro relaxante antes de dormir.

·      Não use medicamentos para dormir, a menos que seu médico os indique.


Arthritis Foundation – Maio/ 2011






quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O que é febre reumática

Febre reumática é uma doença inflamatória causada devido a uma infecção por estreptococos do grupo A, causadora da “infecção de garganta”.
É assim chamada devido a presença de febre acompanhada de sintomas articulares bem característicos.
Normalmente, a febre reumática se desenvolve 02 a 03 semanas após uma infecção por estreptococos, tais como infecções na garganta ou escarlatina. A faixa etária mais acometida pela febre reumática é a de crianças com idade entre 05 e 15 anos, embora possa ocorrer com uma frequência muita baixa em adultos após 18 anos de idade.
A doença pode afetar muitas partes do corpo, como cérebro, coração, articulações e pele.
A febre reumática pode causar danos permanentes ao coração, incluindo válvulas danificadas do coração e insuficiência cardíaca.

• Sintomas e diagnóstico

Sinais e sintomas da febre reumática - que resultam da inflamação no coração, articulações, pele e sistema nervoso central podem durar de algumas semanas a vários meses. Em alguns casos, a inflamação pode causar complicações a longo prazo.
O diagnóstico de febre reumática aguda é baseado nos critérios da American Heart Association e inclui critérios maiores e menores (os critérios modificados de Jones).
Consiste na evidência de uma infecção estreptocócica anterior aos sintomas “infecção de garganta” acompanhado de uma série de sinais e sintomas que podem variar de acordo com as manifestações predominantes:
• Acometimento cardíaco (cardite): pode ocorrer em até 40% dos pacientes e pode incluir cardiomegalia, sopro cardíaco novo, insuficiência cardíaca congestiva e pericardite
• Poliartrite migratória: ocorre em até 75% dos pacientes e é poliarticular, fugaz, migratória e envolve grandes articulações
• Nódulos sub-cutâneos : ocorrem em até 10% dos pacientes. Eles são firmes, indolores e localizam-se nas superfícies extensoras dos punhos, cotovelos e joelhos
• Eritema marginado: esta condição ocorre em cerca de 5% dos pacientes. A erupção é serpeginosa e persistente.
• Coréia (também conhecida como coréia de Sydenham e "dança de São Vito"): Este distúrbio do movimento característico ocorre em 5-10% dos casos
• Febre
• Alterações das provas de atividade inflamatória reumatológicas
• ASLO positivo: a presença do ASLO não confirma o diagnóstico de febre reumática, apenas indica o contato com a bactéria estreptococos. O que vai determinar o desenvolvimento da febre reumática é a predisposição genética do paciente para o desenvolvimento da doença.
Ou seja, os títulos anormais “elevados” de ASLO não confirmam o diagnóstico de febre reumática, podendo ocorrer em pessoas saudáveis que tiveram infecções de garganta de repetição.


Tratamento

O tratamento da febre reumática consiste no uso de antibióticos e corticoterapia endovenosa para tratamento da cardite e prevenção de lesão cardíaca posterior.
A) Profilaxia primária - erradicaçäo do estreptococo - alternativas:
. Penicilina benzatina - 600.000 U (crianças até 25 kg)
1.200.000 U (crianças > 25 kg)
. Penicilina oral - 400.000 U de 6/6 hs por 10 dias
. Eritromicina - 40 mg/kg/dia divididos 6/6 hs por 10 dias
Completado o esquema de erradicação, inicia-se a profilaxia secundária.
B) Profilaxia secundária - tem por objetivo o controle das recorrências
da febre reumática por meio de um esquema antibiótico a longo prazo.
Este esquema deve ser instituído após um diagnóstico criterioso da doença, pois implica em muitos anos de tratamento.
A medicação de escolha é a Penicilina Benzatina, administrada a cada 21 dias:
Penicilina G Benzatina “benzetacil” 1.200.000 UI IM de 21/21 dias (peso > 25 kg). Nos alérgicos à Penicilina, recomenda-se a Sulfadiazina 01g VO para pacientes acima de 30 Kg. Já nos raros casos de pacientes alégicos à Penicilina e a Sulfas, recomenda-se a Eritromicina VO 250 mg de 12/12 horas
continuadamente.
Quanto à duração da Profilaxia Secundária, recomenda-se o
seguinte :

1 – Pacientes sem acomentimento cardíaco, durante a fase aguda:
Manter esquema de 21/21 dias até 21 anos, mas por tempo mínimo
de 05 anos, com preferência pelo período mais longo.
2 – Pacientes com acometimento cardíaco durante a fase aguda,
mas sem lesão residual, manter esquema de 21/21 dias até 25 anos, por tempo mínimo de 10 anos.
3- Pacientes com acometimento cardíaco, na fase aguda e com
lesão cardíaca residual, e aqueles operados e com implante de
prótese, manter o esquema de 21/21 dias indefinidamente.

Complicações

A cardiopatia reumática é um dano permanente no coração causada pela inflamação da febre reumática. Os problemas são mais comuns com a válvula entre as duas câmaras do coração esquerdo (válvula mitral), mas as outras válvulas podem ser afetadas. O dano pode resultar em várias lesões cardiacas como: estenose ou insuficiência das válvulas cardiacas. Alterações essas que podem acarretar complicações como, insuficiência cardiaca e arritmias.
Como principal mensagem deste texo vale a seguinte recomendação:

“Os títulos elevados de ASLO não confirmam o diagnóstico de febre reumática, podendo ocorrer em pessoas saudáveis que tiveram infecções de garganta de repetição”

Referências bibliográficas
1. Bryant PA, Robins-Browne R, Carapetis JR, Curtis N. Some of the people, some of the time: susceptibility to acute rheumatic fever. Circulation. Feb 10 2009;119(5):742-53. [Medline].
2. Guilherme L, Kalil J. Rheumatic Fever and Rheumatic Heart Disease: Cellular Mechanisms Leading Autoimmune Reactivity and Disease. J Clin Immunol. Oct 3 2009;[Medline].
3. Martin JM, Barbadora KA. Continued high caseload of rheumatic fever in western Pennsylvania: Possible rheumatogenic emm types of streptococcus pyogenes. J Pediatr. Jul 2006;149(1):58-63. [Medline].
4. Shulman ST, Tanz RR. Group A streptococcal pharyngitis and immune-mediated complications: from diagnosis to management. Expert Rev Anti Infect Ther. Feb 2010;8(2):137-50. [Medline].