segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Aspectos psicológicos das doenças reumatológicas

Por Daniel Medeiros

É do conhecimento de todos nós que as doenças reumatológicas podem ter relação com fatores psicológicos; admiti-los contribui para um diagnóstico diferencial que não se limita a enxergar apenas a ponta do iceberg “doença”, mas também a sua base inexplorada que possui raízes relacionadas a fatores psicológicos que contribuem para fundamentar a sintomatologia apresentada.

A natureza orgânica do homem já não pode ser mais considerada como apenas produto de uma mera rede bioquímica. Essa visão biologizante dos sujeitos perdeu espaço para uma visão holística, ou seja, integral e que mescla fatores biopsicossociais do paciente.

Observa-se que indivíduos com problemas reumatológicos apresentam maior incidência de psicopatologias como a depressão. Deve-se considerar ainda que tais doenças apresentam forte relação com a autoimagem e estão associadas a um fenômeno conhecido como onipresença da doença. Ou seja, o indivíduo se vê atado a uma sintomatologia crônica sobre a qual não consegue um controle muitas vezes satisfatório gerando uma sensação de descontrole em relação ao seu próprio corpo e por conseqüência a delegação dele (corpo) a entidades mais poderosas como no caso do médico, fisioterapeutas dentre outros profissionais das áreas afins o que por si só gera uma sensação de impotência e intenso sofrimento psíquico.

Os fatores sociais e psicológicos devem ser levados em consideração na programação terapêutica proposta, para um melhor diagnóstico e, por conseguinte prognóstico.

Aqueles que adquirem uma postura ativa em relação a essas doenças demonstram uma melhor convivência com elas na medida em que as enfrentam e tentam viver a vida da melhor maneira possível apesar de suas limitações. Já os de posicionamento passivo possuem no geral uma relação conturbada com sua doença, pois costumam usá-la como uma justificativa para sua dependência e incapacidade não a combatendo acarretando, assim, em prejuízos para a sua própria saúde.

O apoio familiar é imprescindível. Embora seu excesso possa assumir um caráter negativo quando se torna mais quantitativo do que qualitativo.

Informar-se sobre a doença, buscar uma excelência na qualidade de vida em geral, confiar no tratamento proposto pelo profissional de saúde e desenvolver a autonomia são os caminhos mais viáveis para todos aqueles que buscam conviver bem com essas patologias.


Referência bibliográfica:

Spink, Mary. Psicologia social e saúde. Rio de Janeiro: vozes, 2003.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

A importância da atividade física na fibromialgia

A atividade física nos dias atuais é fundamental, todas as pessoas necessitam manter uma qualidade de vida e condicionamento físico adequados para se adaptarem ao mundo competitivo atual.

Estudos científicos têm mostrado que exercícios são essenciais para o alívio dos sintomas da fibromialgia. Os exercícios aeróbicos têm mostrado um importante efeito analgésico e antidepressivo melhorando os sintomas fibromiálgicos.

Na fibromialgia, a atividade física consiste em um pilar importante na condução da doença. Devido ao quadro doloroso difuso, os pacientes evitam fazer atividades físicas desencorajando-as; por esse motivo no início do tratamento, muitos pacientes precisam de medicamentos para iniciar uma atividade física devido quadros dolorosos.

O exercício físico na fibromialgia propicia um melhor alongamento dos tendões, melhora a mobilidade das fibras musculares, propicia condicionamento aeróbico e melhora do humor. Os exercícios devem ser leves inicialmente com um programa de treinamento com aumento progressivo da intensidade, sempre supervisionado por um profissional qualificado para tal atividade física.

O objetivo do tratamento com exercícios na fibromialgia consiste em um programa de reabilitação que tenha como objetivo:

. Aliviar as contrações musculares dolorosas;
. Correção da postura;
. Aumentar a força muscular;
. Melhora cardiovascular;
. Controle do peso;
. Melhora do sono e humor.

Os exercícios de resistência (musculação) são fundamentais para o tratamento sendo importantes para melhora da força muscular e diminuição das contraturas musculares.
Alem da fisioterapia, terapias na água (hidroterapia, hidroginástica, natação), RPG, caminhadas, corridas e terapias alternativas (acupuntura, quiropraxia e massagens) podem ajudar e auxiliar o tratamento desta enfermidade.

Vale ressaltar que os pacientes devem realizar exercícios de alongamento no início e ao final dos exercícios e sempre após avaliação médica, para liberação da prática de exercícios físicos.

Recomenda-se uma consulta com um reumatologista para o diagnóstico e tratamento da fibromialgia. Um profissional especializado é fundamental devido ao diagnóstico diferencial de outras doenças que também podem causar dor crônica e cansaço.

Vale ressaltar que uma prática regular de atividade física proporciona uma redução do estresse, tanto emocional como físico; previne doenças cardiovasculares; melhora a qualidade do sono; corrige vícios posturais; alivia sintomas relacionados à depressão, enfim proporciona uma melhor qualidade de vida.


Referências bibliográficas:

1. Winfield JB. Psychological determinants of fibromyalgia and related syndromes. Curr Rev Pain. 2000;4(4):276-86.
2. Bradley LA. Psychiatric comorbidity in fibromyalgia. Curr Pain Headache Rep. Apr 2005;9(2):79-86.
3. Hassett AL. Psychosocial aspects of fibromyalgia: psychological stress, psychiatric morbidity, and personality subgroups. 2008;pp 55-61.
4. Carville SF, Arendt-Nielsen S, Bliddal H, et al. EULAR evidence-based recommendations for the management of fibromyalgia syndrome. Ann Rheum Dis. Apr 2008;67(4):536-41.
5. Jones KD, Adams D, Winters-Stone K, Burckhardt CS. A comprehensive review of 46 exercise treatment studies in fibromyalgia (1988-2005). Health Qual Life Outcomes. Sep 25 2006;4:67.
6. Busch AJ, Schachter CL, Overend TJ, et al. Exercise for fibromyalgia: a systematic review. J Rheumatol. Jun 2008;35(6):1130-44.