quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Febre Chikungunya

 Febre Chikungunya

  

A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero Alphavirus. A viremia persiste por até dez dias após o surgimento das manifestações clínicas. A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV.

Os sinais e sintomas são clinicamente parecidos aos da dengue – febre de início agudo, dores articulares e musculares, cefaleia, náusea, fadiga e exantema. A principal manifestação clínica que a difere são as fortes dores nas articulações, que muitas vezes podem estar acompanhadas de edema.

Após a fase inicial a doença pode evoluir em duas etapas subsequentes: fase subaguda e crônica. A chikungunya tem caráter epidêmico com elevada taxa de morbidade associada à artralgia persistente, tendo como consequência a redução da produtividade e da qualidade de vida.

A maioria dos indivíduos infectados pelo CHIKV desenvolve sintomas, alguns estudos mostram que até 70% apresentam infecção sintomática. Esses valores são altos e significativos quando comparados às demais arboviroses.

Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase aguda, caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses. Quando a duração dos sintomas persiste além dos três meses atinge a fase crônica.

A poliartralgia tem sido descrita em mais de 90% dos pacientes com chikungunya na fase aguda. Essa dor normalmente é poliarticular, bilateral e simétrica, mas pode haver assimetria. Acomete grandes e pequenas articulações e abrange com maior frequência as regiões mais distais. Pode haver edema, e este, quando presente, normalmente está associado à tenossinovite. O exantema normalmente é macular ou maculopapular, acomete cerca de metade dos doentes e surge, normalmente, do segundo ao quinto dia após o início da febre crônica.

O sintoma mais comum nesta fase crônica é o acometimento articular persistente ou recidivante nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda, caracterizado por dor com ou sem edema, limitação de movimento, deformidade e ausência de eritema. Normalmente, o acometimento é poliarticular e simétrico, mas pode ser assimétrico e monoarticular.

Em frequência razoável são vistas manifestações decorrentes da síndrome do túnel do carpo, tais como dormência e formigamento das áreas inervadas pelo nervo mediano.

A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se geralmente elevadas, podendo permanecer assim por algumas semanas.

O diagnóstico diferencial de chikungunya é feito com outras doenças febris agudas (arboviroses), como dengue e Zika-vírus.

 O uso de corticoide é indicado para a doença na sua fase subaguda ou crônica, com dor moderada a intensa.

A medicação padrão para uso oral é a prednisona, apesar de inexistência de estudos de comparação de eficácia, nas fases crônicas podemos iniciar, metotrexato, hidroxicloroquina, sulfassalazina.

Em caso de artropatia inflamatória incapacitante, alguns pacientes necessitarão iniciar medicamentos imunobiológicos, inibidores do anti-TNF para controle da doença.

O tratamento fisioterápico deve ser considerado desde a fase aguda da chikungunya, prevenindo sequelas e deformidades, bem como aliviando a dor nas fases crônicas da doença.

A prevenção da doença com a conscientização da população, evitando acúmulo de água parada, bem como evitando acúmulo de entulhos e manter caixas d’água fechadas, são fundamentais para o controle das arboviroses (Chikungunya, Dengue e Zika-Vírus).

Todos os caso de Febre Chikungunya devem ser notificados a Vigilância Epidemiológica.

 

quinta-feira, 22 de abril de 2021

O que são antígenos e anticorpos?

 

O que são antígenos e anticorpos?

Um antígeno é uma molécula ou estrutura molecular estranha ao organismo que, uma vez introduzida no corpo, desencadeia uma resposta imunológica. Os antígenos são proteínas, peptídeos (cadeias de aminoácidos) ou polissacarídeos (cadeias de monossacarídeos) encontrados nos envoltórios de vírus, bactérias, fungos, protozoários e vermes parasitas. Lipídeos e ácidos nucleicos só se tornam antígenos quando combinados com proteínas e polissacarídeos. Um antígeno pode se originar de dentro do próprio corpo ou vir do ambiente externo.

Como funciona o mecanismo imunológico antígenos-anticorpos?

O funcionamento do sistema imunológico baseia-se nas relações antígeno e anticorpo. Ele responde ao antígeno produzindo uma substância chamada de anticorpo, que é específica para aquele antígeno. O anticorpo tem a função de eliminar os efeitos do antígeno. Cada anticorpo produzido é capaz de reconhecer e ligar-se especificamente ao antígeno que lhe deu origem, impedindo, assim, a ação dele.

Os antígenos podem ser:

  1. Antígenos exógenos, que entraram no corpo vindos de fora, por inalação, ingestão ou injeção, por exemplo. A resposta do sistema imunológico aos antígenos exógenos é frequentemente subclínica. Alguns antígenos começam como exógenos e depois se tornam endógenos (por exemplo, os vírus intracelulares).
  2. Antígenos endógenos, gerados dentro das células normais do organismo como resultado do metabolismo celular normal ou por causa de infecção viral ou bacteriana intracelular.
  3. Autoantígenos, que geralmente é uma proteína própria ou complexo de proteínas e que é reconhecida pelo sistema imunológico como estranha em pacientes que sofrem de uma doença autoimune específica. Em condições normais, essas proteínas próprias não deveriam ser alvo do sistema imunológico, mas, em doenças autoimunes, elas atacam o organismo.
  4. Neoantígenos, que são aqueles que estão totalmente ausentes do genoma humano normal.
  5. Antígenos virais associados a alguns tipos de câncer, como o câncer cervical e de cabeça e pescoço.

Soros e vacinas

Existem várias tecnologias para a produção de vacinas mas em geral elas introduzem intencionalmente no organismo uma derivação não patógena do agente causador da infecção, ou o próprio agente morto ou em formas atenuadas, de modo que o organismo produza anticorpos que atuem contra os agentes infecciosos. As vacinas, são, pois, preventivas, e visam produzir anticorpos ANTES que a pessoa tenha sido exposta ao agente patógeno. A vacina para o vírus da gripe sazonal é um exemplo comum.

Os soros, por outro lado, são empregados como tratamento, DEPOIS que a pessoa já adquiriu o antígeno. No caso das vacinas, a imunização é ativa e duradoura; no caso dos soros, em que são injetados anticorpos já prontos, é passiva e o combate ao antígeno é temporário. O soro contra a picada de cobra é um bom exemplo. A pessoa deve tomar o soro contendo anticorpos específicos depois que cobra tenha inoculado seu veneno (antígeno). O soro é, pois, uma forma de cura.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

ORIENTAÇÕES SOBRE VACINAS CONTRA O NOVO CORONOVIRUS PARA PACIENTES COM DOENCAS REUMÁTICAS DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA

    Uma iniciativa da Comissão de Doenças Endêmicas e Infecciosas da Sociedade Brasileira De Reumatologia (SBR). Este documento visa ORIENTAR e ESCLARECER os pacientes adultos com doenças reumáticas imunomediadas (ou autoimunes), quanto às dúvidas frequentes sobre vacinas contra o novo coronavírus, frente a recente aprovação de 2 vacinas (a do Instituto Butantan e a de Oxford/Instituto Fiocruz) para uso emergencial no Brasil pela ANVISA, nosso órgão regulatório. Como também, à inclusão deste grupo de pacientes entre os prioritários a receber a vacina dentre o grupo de comorbidades, segundo o Informe Técnico da Campanha Nacional de Vacinação Contra a Covid19, do Ministério da Saúde, em sua versão publicada em 19/01/2020. Diversos aspectos são considerados para indicar uma vacina para os pacientes com doenças reumáticas imunomediadas (ou autoimunes), incluindo qual é a doença, se ela está controlada ou não, e se o paciente está usando medicações imunossupressoras, isto é, aquelas que abaixam a imunidade para controlar a doença, mas que podem aumentar o risco de infecções. As doenças reumáticas imunomediadas mais comuns são a artrite reumatoide, as espondiloartrites, a artrite psoriásica, o lúpus, a esclerose sistêmica (esclerodermia), a síndrome de Sjögren, miopatias inflamatórias e as vasculites. AVISO IMPORTANTE: Este documento estará regularmente atualizado. 

1. Tenho uma doença reumática imunomediada. Posso receber a vacina contra o novo coronavírus? A princípio todos devem ser vacinados, embora seja cedo para avaliarmos se a segurança e a “resposta” a estas vacinas são adequadas em pacientes com estas doenças. O ideal é que você converse com seu reumatologista, que vai ponderar com você o melhor momento e a condição mais adequada para que você seja vacinado em segurança e que a vacina tenha o efeito esperado. 

2. Por ter uma doença reumática imunomediada, eu estarei no grupo prioritário para receber a vacina contra o novo coronavírus? Sim, o último Informe técnico do MS (19.01.21) incluiu pacientes imunossuprimidos, inclusive aqueles com doenças reumáticas imunomediadas, no grupo prioritário para a imunização contra o novo coronavírus, dentre os descritos com comorbidades. O ideal, no entanto, é que você converse com o seu reumatologista, que analisará o grau de atividade de sua doença e as medicações de sua rotina, para avaliar a oportunidade mais adequada para que você seja vacinado (a). ‘ 

3. Por ter uma doença reumática que não é imunomediada, como osteoporose, fibromialgia, gota e osteoartrite (artrose), eu estarei no grupo prioritário para receber a vacinação contra o novo coronavírus? Não. Estas enfermidades não foram incluídas pelo Ministério da Saúde nos grupos prioritários para a vacinação, uma vez que não estão associadas a um maior risco de complicações e óbito relacionados a Covid 19. A imunização destes pacientes ocorrerá em conjunto com a população em geral. 

4. Minha doença reumática imunomediada ainda não está controlada. Posso tomar a vacina contra o novo coronavírus? O ideal é que você receba a vacina com a doença controlada ou em remissão. Nestes casos, recomendamos, preferencialmente, que a decisão seja compartilhada com o seu médico reumatologista, reforçando a necessidade de manter as medidas de proteção e distanciamento social. 

5. Estou em uso de medicação imunossupressora ou medicamento biológico. Posso ser vacinado (a)? Nenhuma das vacinas para as quais foram solicitados usos emergenciais na ANVISA e aprovadas contêm o vírus vivo, sendo potencialmente seguras em pacientes em uso de medicações imunossupressoras. No entanto, algumas dessas medicações poderão reduzir a resposta a vacina. Recomendamos que mantenha suas medicações e que, a decisão de vacinar em uso de medicações seja, preferencialmente, compartilhada com o seu médico reumatologista, reforçando a necessidade de manter as medidas de proteção e distanciamento social. 

6. Existe algum tipo de vacina contra o novo coronavírus considerada mais adequada para a minha condição, dentre as aprovadas no Brasil atualmente para uso emergencial? Ambas as vacinas aprovadas para uso emergencial no Brasil poderão ser utilizadas pelos pacientes com doenças reumáticas. Vale ressaltar que ainda não temos disponíveis informações sobre o uso de vacinas nestes pacientes. Uma vez iniciada a vacinação, recomenda-se que as duas sejam feitas com a mesma vacina. 

7. Fui vacinado. Estou protegido a ponto de dispensar o uso das medidas de proteção individual e coletiva como uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos? Não. O fato de ter sido vacinado não significa que você possa interromper as medidas de proteção, como o uso de máscaras faciais, o distanciamento social e a higienização das mãos, até que tenhamos tempo para avaliar a real proteção conferida pela vacina e sua capacidade de conter a disseminação do novo coronavírus. ‘ 

8. Fui vacinado. Posso receber outras vacinas concomitantemente a contra o novo coronavírus? Considerando a falta de estudos, o Ministério da Saúde recomenda um intervalo mínimo de 14 dias entre a vacina contra a COVID-19 e as outras do calendário nacional de vacinação. 

Resumindo: Cada paciente é único e por isso a decisão sobre a vacinação em pacientes com doenças reumáticas deve ser individualizada caso a caso, levando em consideração a idade, o quanto a doença está ativa, as medicações em uso e doenças associadas. 

Seu Reumatologista é o profissional ideal para lhe aconselhar o melhor momento e a condição mais adequada para que você seja vacinado.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

O que é a Artrite Idiopática Juvenil?

Dr. Kléper Jean M. Leopoldino

Sociedade Brasileira de Reumatologia


O que é a Artrite Idiopática Juvenil?

A Artrite Idiopática Juvenil, também denominada Artrite Reumatoide Juvenil, é uma doença inflamatória crônica que acomete as articulações e outros órgãos, como a pele, os olhos e o coração. A principal manifestação clínica é a artrite, caracterizada por dor, aumento de volume e de temperatura de uma ou mais articulações. Cabe ressaltar que em algumas crianças a dor é mínima ou até mesmo inexistente. Caracteristicamente ela inicia sempre antes dos 17 anos de idade.

É uma doença frequente?

A incidência da Artrite Idiopática Juvenil é desconhecida em nosso país, mas dados provenientes de países da América do Norte e da Europa indicam que cerca de 0,1 a 1 em cada 1.000 crianças têm essa doença.

O que causa a Artrite Idiopática Juvenil?

A causa exata da Artrite Idiopática Juvenil ainda não é conhecida. Fatores imunológicos, genéticos e infecciosos estão envolvidos. Estudos recentes mostram que existe uma certa tendência familiar e que alguns fatores externos, como certas infecções virais e bacterianas, o estresse emocional e os traumatismos articulares podem atuar como desencadeantes da doença.
A artrite não é uma doença infecto-contagiosa e os pacientes podem (e devem) freqüentar normalmente creches, escolas, clubes e piscinas.

Como se diagnostica a doença?

O diagnóstico da Artrite Idiopática Juvenil é clínico e baseia-se na presença de artrite em uma ou mais articulações com duração igual ou maior a 6 semanas. Várias doenças, como por exemplo, as infecções, devem ser pesquisadas e descartadas, uma vez que a artrite é manifestação comum em várias doenças não reumáticas. Além da dor e da inflamação articular pode ser observada uma certa dificuldade na movimentação ao acordar (rigidez matinal), fraqueza ou incapacidade na mobilização das articulações, além de febre alta diária (> 39º C) por períodos maiores do que 2 semanas. Não existem exames laboratoriais específicos para esta doença. Nos casos de dúvida diagnóstica a opinião de um especialista pode ser de grande auxílio.

Quais os tipos mais comuns de Artrite Idiopática Juvenil?

Existem 3 tipos mais comuns: pauciarticular (ou oligoarticular), poliarticular e sistêmico . No tipo pauciarticular são acometidas até 4 articulações, sendo os joelhos e os tornozelos as mais freqüentes. Crianças com este tipo de doença devem fazer avaliações oftalmológicas freqüentes (a cada 3 ou 4 meses), uma vez que a úvea (o colorido dos olhos) pode estar inflamada sem que haja qualquer sinal visível. No tipo poliarticular 5 ou mais articulações são envolvidas, com destaque para os joelhos, tornozelos, punhos, cotovelos e pequenas articulações das mãos e dos pés. Pode haver febre intermitente e o exame laboratorial Fator Reumatoide está presente em cerca de 10% dos pacientes. O tipo sistêmico tem caráter insidioso e caracteriza-se pela presença de artrite associada à febre alta em um ou dois picos diários (= 39º C), erupção na pele (rash cutâneo), gânglios, serosite (inflamação da pleura e do pericárdio) e aumento de fígado e baço ao exame clínico.
Alguns pacientes, especialmente aqueles com o tipo pauciarticular e com fator antinúcleo (FAN) positivo, podem apresentar uveíte crônica, ou seja, uma inflamação em um ou nos dois olhos. A uveíte é, geralmente, assintomática e podem ser observadas complicações como glaucoma, catarata e até mesmo diminuição da visão, especialmente quando o diagnóstico é tardio. Daí a importância da detecção precoce através de exames oftalmológicos periódicos (biomicroscopia), a cada 3 ou 4 meses. A uveíte pode aparecer antes, simultaneamente ou anos depois da atrite.

Qual o tratamento da Artrite Idiopática Juvenil?

Uma boa relação entre médico, paciente e familiares é fundamental para que o tratamento tenha sucesso, uma vez que a sua duração é prolongada. Deve ser individualizado e envolve educação sobre a doença, controle da inflamação e da dor através do uso de medicamentos e prevenção de deformidades. A reabilitação (fisioterapia) é muito importante desde as fases iniciais da doença e em alguns casos pode ser necessário o acompanhamento psicológico. O início do tratamento deve ser precoce; nos casos de demora pode haver comprometimento da cartilagem articular, acarretando deformidades e limitações físicas irreversíveis.
Cada tipo de Artrite Idiopática Juvenil tem um tratamento específico e o esquema terapêutico pode variar de um paciente para o outro, de acordo com as suas manifestações clínicas. Os medicamentos utilizados inicialmente são os antiinflamatórios não-hormonais (aspirina, naproxeno e ibuprofeno), úteis no alívio da dor. São utilizados diariamente e recomendam-se sua ingestão após as refeições para evitar efeitos indesejáveis como náuseas, vômitos e dor epigástrica.
Outros remédios, chamados drogas de base (ou de segunda linha), são acrescentados gradualmente nos casos de inflamação persistente, ou seja, má resposta aos antiinflamatórios não-hormonais e visam controlar e até mesmo cessar a inflamação. Os mais utilizados são a hidroxicloroquina (ou o difosfato de cloroquina), a sulfassalazina e o metotrexato.
A hidroxicloroquina é indicada para os pacientes com o tipo pauciarticular sem comprometimento de punhos, tornozelos e quadril e que não respondem bem ao antiinflamatório não-hormonal. É utilizada por via oral uma vez ao dia e seus principais efeitos adversos são oculares, como por exemplo, alterações de pigmentação da retina. Pacientes em uso deste medicamento devem realizar exames oftalmológicos semestrais, que incluem fundo de olho, campimetria e diferenciação de cores.
A sulfassalazina é recomendada no tratamento de meninos pré-adolescentes e adolescentes com um tipo específico de doença pauciarticular, caracterizado por artrite e entesite (inflamação nos pontos de inserção dos tendões nos ossos), com ou sem comprometimento de articulações sacroilíacas ou coluna vertebral. É administrada duas vezes ao dia e requer a realização de exames hematológicos periódicos.
O metotrexato (MTX) é o medicamento mais utilizado para o controle da artrite devido à sua eficácia, facilidade posológica (uma vez por semana por via oral ou subcutânea), segurança e baixo custo. Recomenda-se a realização de exames laboratoriais periódicos (hemograma e enzimas hepáticas) a cada 2 ou 3 meses para a detecção precoce de possíveis efeitos adversos, como a anemia e a hepatite medicamentosa. O MTX está indicado em todos os pacientes com o tipo poliarticular e para aqueles com o tipo pauciarticular com comprometimento de quadris, punhos e tornozelos, e que não respondem bem aos antiinflamatórios não-hormonais.
A ciclosporina é um imunossupressor muito útil no tratamento de pacientes com o tipo sistêmico cujas manifestações da doença sistêmica sejam resistentes ou dependentes de altas doses de corticóide.
A ciclofosfamida por via endovenosa é pouco utilizada e está indicada somente naqueles pacientes que não respondem as medicações acima citadas. As avaliações clínicas e os exames laboratoriais (sangue e urina) devem ser periódicos.
Os corticosteróides em doses altas (1 a 2 mg/kg/dia) estão indicados nos pacientes com o tipo sistêmico cuja febre ou pericardite não responde ao antiinflamatório não hormonal. Podem ser utilizados também por via endovenosa (metilprednisolona) em doses mais altas e por um período mais curto, minimizando os possíveis efeitos colaterais como ganho rápido de peso, estrias, hipertensão arterial, aumento de pelos, maior suscetibilidade a infecções, osteoporose e retardo de crescimento. Os corticosteróides não devem ser suspensos ou reduzidos sem orientação médica, sob risco de graves complicações. Recomenda-se evitar o uso excessivo de sal e restringir a ingestão de alimentos excessivamente calóricos. Os corticosteróides por via intra-articular (infiltração) trazem benefícios para alguns pacientes com poucas articulações acometidas. Outras indicações dos corticosteróides são a uveíte, e nestes casos na forma de gota oftálmica, e eventualmente em doses baixas (5 a 7,5 mg/dia) diárias quando a artrite da criança é muito grave, dolorosa e rapidamente progressiva.
As novas terapias biológicas (infliximabe, etanercepte e adalimumabe) são recomendadas para os pacientes com má resposta às medicações acima citadas. São utilizados por via parenteral (subcutânea ou endovenosa) e podem ser observados efeitos adversos como hipersensibilidade (fenômenos alérgicos no local da aplicação ou sistêmicos) e maior suscetibilidade a infecções, especialmente virais. Pacientes que recebem infliximabe devem ser investigados previamente para a tuberculose através de radiografia de tórax e PPD (teste de mantoux). Um fator que restringe o uso destes medicamentos é o custo elevado.
O uso de um ou mais medicamentos implica em um seguimento cuidadoso e periódico, com consultas e exames laboratoriais seriados, com o objetivo de avaliar a inflamação além de detectar e tratar possíveis efeitos adversos. De um modo geral deve-se evitar a aplicação de vacinas de vírus vivos em pacientes em uso de corticosteróides e imunossupressores. Converse sempre com o seu médico antes de administrar vacinas no seu filho.

Quanto tempo dura o tratamento?

Em muitos pacientes a doença é controlada até o final da adolescência. No entanto, alguns podem apresentar doença crônica com períodos de melhora e piora que persistem até vida adulta. Nestes casos deve ser feita uma transição lenta para o Reumatologista de adultos. Muitos adolescentes são “rebeldes” ao tratamento e devem ser conscientizados quanto à importância do uso contínuo de medicamentos. A responsabilidade, que sempre é dos pais ou responsáveis até os 18 anos de idade, deve ser transferida gradualmente ao paciente de maneira firme e segura.

O que pode acontecer se o tratamento for interrompido?

A interrupção do tratamento sem orientação médica pode ter conseqüências sérias e irreversíveis, como piora da inflamação, deformidades articulares irreversíveis, destruição da cartilagem e piora da capacidade física. Os pais devem checar a ingestão dos medicamentos e conversar com os filhos sobre a doença, reforçando a importância do tratamento, especialmente nos casos de pacientes adolescentes.
9. Qual a importância da fisioterapia e dos exercícios físicos?A fisioterapia é fundamental para a manutenção e recuperação da mobilidade das articulações acometidas e deve ser iniciada assim que possível. Seu principal objetivo é reabilitar o paciente para a realização das atividades diárias rotineiras, através do fortalecimento dos músculos, alongamento de tendões e aumento da amplitude de movimento articular. Métodos que utilizam calor e frio são válidos para o controle da dor, especialmente nas fases iniciais da doença.
O fisioterapeuta poderá orientar a família na utilização de adaptações para uso em tarefas diárias (alimentação, escrita, etc) e na realização de exercícios em casa. As crianças devem ser estimuladas a ter uma vida mais saudável. A prática de esportes deve ser supervisionada por um especialista em reabilitação e as articulações protegidas contra possíveis traumatismos. Esportes com impacto como o futebol e o vôlei devem ser evitados nas fases iniciais do tratamento, enquanto a natação deve ser estimulada. No entanto esta modalidade esportiva não é disponível para grande parte da nossa população.

Aspectos emocionais da criança com artrite.

A doença crônica tem um impacto em várias dimensões da vida da criança e dos familiares: aspectos físicos, emocionais, sociais, educacionais e econômicos. Com isto a dinâmica da família pode alterar-se significativamente. A troca de informações entre o paciente, seus familiares, o reumatologista pediátrico e os demais profissionais relacionados (fisioterapeuta e psicólogo) é fundamental para que este impacto seja minimizado.
Os pais devem estar atentos, uma vez que poderão ser observadas modificações no comportamento da criança com artrite, especialmente devido à presença da dor e diminuição da capacidade física. Algumas crianças podem ficar tristes enquanto outras podem sentir raiva de intensidade variável. Em alguns casos pode ser observado sentimento de culpa nos pais ou nos irmãos, que satisfazem todas as vontades dos pacientes, levando a um “ganho secundário”. Este processo dificulta o retorno da criança com artrite para uma “vida normal”. As crianças com artrite devem ser estimuladas a retomar o mais breve possível a sua vida social e escolar. Conversas francas entre todos os membros da família são de grande ajuda. Em alguns casos é indicado o acompanhamento por especialista em saúde mental (psicólogo ou psiquiatra) dos pacientes, dos pais ou de ambos.
No âmbito escolar, o professor deve ser orientado sobre a doença. As necessidades pessoais deverão ser avaliadas e respeitadas. Uma vez que a incapacidade física tem melhora lenta, as atividades intelectuais e artísticas devem ser estimuladas e valorizadas.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Cuidados com as vacinas da Febre Amarela e Sarampo

       
A Sociedade Brasileira de Reumatologia alerta para  os sintomas e diagnóstico da febre amarela e Sarampo, doenças emergentes no Brasil nos últimos anos, com alto índice de mortalidade, e também para a importância da vacinação. Entretanto, os pacientes reumatológicos, principalmente os tratados com imunossupressores, devem ter atenção especial, e somente ser imunizados com indicação do seu Reumatologista, responsável pelo seu tratamento. 
        As vacinas do Sarampo e Febre Amarela são vacinas de vírus vivos e atenuados, sendo necessária a avaliação do Reumatologista para liberação, sempre avaliando os riscos e benefícios, da aplicação da vacina. 
        As vacinas da Gripe e Pneumonia (Pneumo 13 e 23), por serem vacinas de vírus inativos, podem ser administradas nos pacientes reumatológicos, para prevenção da gripe e doenças causadas pelo Pneumococo (Pneumonia, sinusites,etc..), sempre com avaliação médica, previamente a administração das vacinas.


terça-feira, 3 de setembro de 2019

Eventos


Em setembro participarei do 36º Congresso Brasileiro de Reumatologia, o maior evento da Reumatologia Brasileira, que será realizado em Fortaleza, Ceará.
No evento serão discutidos temas sobre atualização de tratamento e novas pesquisas referentes as doenças reumatológicas.


terça-feira, 13 de agosto de 2019

O que é Síndrome de Sjogren?




Sociedade Brasileira de Reumatologia
Dr. Kléper Jean Medeiros Leopoldino


A Síndrome de Sjögren (SS) é uma doença auto-imune que se caracteriza principalmente pela manifestação de secura ocular e na boca associadas à presença de auto-anticorpos ou sinais de inflamação glandular. Algumas células brancas (chamadas de linfócitos) invadem vários órgãos e glândulas, principalmente as glândulas lacrimais e salivares, produzindo um processo inflamatório que acaba por prejudicá-los, impedindo suas funções normais.
Existem outras causas de secura na boca e nos olhos?
Se uma pessoa apresenta olho seco ou boca seca, ela deverá ser avaliada para as possíveis causas desses sintomas. Medicamentos (inclusive os usados para o tratamento da pressão alta, depressão, resfriados e alergias), infecções e outros problemas oculares também podem causar esses mesmos sintomas. Será necessária a avaliação de um médico Oftalmologista para determinar se realmente há falta de lágrima e sinais de inflamação na córnea em decorrência desta secura. Se essas alterações se confirmarem, o paciente deve ser encaminhado a um Reumatologista para avaliação do diagnóstico da Síndrome de Sjogren (SS).
Quais são as outras manifestações clínicas da Síndrome de Sjögren?
Os pacientes com “SS” também podem apresentar secura na pele, nariz e vagina. Podem apresentar fadiga, artralgias e artrites. Além disso, outros órgãos do corpo, como os rins, pulmões, vasos, fígado, pâncreas e cérebro também podem ser afetados. Esta doença é mais comum em mulheres de meia idade, mas também pode ocorrer em homens e em qualquer idade.
Como é feito o diagnóstico da Síndrome de Sjögren?
Para a confirmação do diagnóstico, além de todos os sintomas já mencionados o paciente deverá apresentar alterações laboratoriais (exames de sangue), radiológicos e/ou anátomo-patológicos (biópsia das glândulas salivares menores feita no lábio) e/ou de medicina nuclear (cintilografia das glândulas parótidas).
O que é a Síndrome de Sjögren Primária?
A Síndrome de Sjögren Primária ocorre quando a Síndrome de Sjögren (SS) ocorre de forma isolada, sem a presença de outra doença auto-imune.
O que é a Síndrome de Sjögren Secundária?
A Síndrome de Sjögren Secundária ocorre quando os sintomas da “SS” são acompanhados de uma outra doença auto-imune como a Artrite Reumatóide, o Lúpus Eritematoso Sistêmico ou Esclerodermia.
Como é o tratamento da Síndrome de Sjögren?
Ainda não existe uma cura definitiva para esta doença, mas o diagnóstico e intervenções precoces podem melhorar em muito o prognóstico. O tipo do tratamento vai depender dos sintomas (que podem ser bastante variados) e da sua gravidade. No caso do paciente somente apresentar secura nos olhos e boca, eventualmente, poderão ser utilizados como tratamento somente lágrimas artificiais e substitutos de saliva. Remédios anti-inflamatórios, corticóides e/ou imunossupressores poderão ser utilizados quando houver manifestação mais graves, objetivando melhora da inflamação e evitando seqüelas.


quinta-feira, 25 de julho de 2019

Orientações sobre Espondilite Anquilosante

Sociedade Brasileira de Reumatologia
Dr. Kléper Jean Medeiros Leopoldino

Orientações sobre Espondilite Anquilosante

1. O que é a espondilite anquilosante?
     A espondilite anquilosante é um tipo de inflamação que afeta os tecidos conjuntivos, caracterizando-se pela inflamação das articulações da coluna e das grandes articulações, como quadris, ombros e outras regiões. Embora não exista cura para a doença, o tratamento precoce e adequado consegue tratar os sintomas - inflamação e dor –, estacionar a progressão da doença, manter a mobilidade das articulações acometidas e manter uma postura ereta.

2. O que causa a espondilite anquilosante?
     A causa é desconhecida. Os especialistas sabem que a doença é genética e é mais frequente em pessoas que herdam um determinado marcador genético, denominado HLA-B27. Cerca de 90% dos pacientes brancos com espondilite anquilosante são HLA-B27 positivos. A teoria mais aceita é a de que a doença possa ser desencadeada por uma infecção intestinal naquelas pessoas geneticamente predispostas a desenvolvê-las, ou seja, portadoras do HLA-B27. A espondilite anquilosante não é transmitida por contágio ou por transfusão sanguínea.

3. Qual a prevalência da espondilite anquilosante?
     A espondilite anquilosante tende a ocorrer em famílias, afeta três vezes mais os homens do que as mulheres e surge normalmente entre os 20 e 40 anos. Cerca de 20% dos indivíduos com HLA-B27 terão espondilite anquilosante, embora a maioria nunca será diagnosticada como tendo a doença, pois ela se apresentará de forma branda. Como o HLA-B27 está presente em 7% a 10% da população.

4. Quais são os sintomas da espondilite anquilosante?
     Dores na coluna que surgem de modo lento ou insidioso durante algumas semanas, associadas à rigidez matinal da coluna, que diminui de intensidade durante o dia. A dor persiste por mais de três meses, melhora com exercício e piora com repouso. No início, a espondilite anquilosante costuma causar dor nas nádegas, possivelmente se espalhando pela parte de trás das coxas e pela parte inferior da coluna. Um lado é geralmente mais doloroso do que o outro. Essa dor tem origem nas articulações sacroilíacas (entre o sacro e a pélvis). Alguns pacientes sentem-se globalmente doentes –sentem-se cansados, perdem apetite e peso e podem ter anemia. A inflamação das articulações entre as costelas e a coluna vertebral pode causar dor no peito, que piora com a respiração profunda, sentida ao redor das costelas, podendo ocorrer diminuição da expansibilidade do tórax durante a respiração profunda. Os indivíduos que apresentam limitação significativa da expansibilidade do tórax não devem de forma alguma fumar, pois seus pulmões, que já não expandem normalmente, estariam ainda mais susceptíveis a infecções.

5. Quais são os órgãos e tecidos afetados pela doença?
     Articulações da coluna vertebral: inflamação das articulações da coluna que causa dores e rigidez matinal. A doença começa nas juntas entre o sacro e a pélvis, denominadas juntas sacroilíacas. Outras articulações: inflamação das articulações dos quadris, ombros, joelhos e tornozelos são as partes afetadas com maior frequência. Algumas vezes, ocorrem locais sensíveis ou dolorosos em ossos que não fazem parte da coluna, como o osso do calcanhar, tornando-se desconfortável ficar em pé em chão duro, e o osso ísquio da bacia, tornando as cadeiras duras muito desagradáveis.
Os olhos podem ser acometidos apresentando “olho vermelho” uveíte ou irite. Os pacientes apresentam olhos avermelhados e doloridos, o que deve ser reportado ao médico o mais rapidamente possível, pois pode ocorrer um dano permanente.
A pele pode estar afetada, com a presença de psoríase, uma condição inflamatória comum da pele, caracterizada por episódios frequentes de vermelhidão, coceira e presença de escamas prateadas, secas e espessas.
O intestino pode estar associado a espondilite anquilosante em alguns pacientes e o Intestino: a colite, ou inflamação do intestino, pode estar associada à espondilite anquilosante em alguns pacientes.

6. Como diagnosticar a espondilite anquilosante?
     O diagnóstico da doença é baseado no conjunto de sintomas (dor nas nádegas e dor nas costas) e nos exames de imagem (raios-x, tomografia computadorizada ou ressonância magnética) da bacia, da coluna e das juntas afetadas. O médico faz um histórico e examina as costas (procurando por espasmos musculares, com atenção para a postura e mobilidade) e examinará as outras partes do corpo, procurando pelas evidências da espondilite anquilosante. o diagnóstico da espondilite anquilosante é confirmado pelos exames de imagem acima citados. As alterações características estão nas juntas sacroilíacas, mas podem levar alguns anos para desenvolver-se, podendo não ser notadas na primeira consulta. O médico, provavelmente, o avaliará com relação à anemia e aos testes da velocidade de sedimentação das hemácias (VHS) e proteína C Reativa (PCR), que informam quão ativa a doença está.

7. Como a doença pode progredir?
     A espondilite anquilosante toma diferentes rumos em pessoas diferentes, sendo que dois casos nunca são exatamente iguais. Com o passar do tempo, após a fase ativa em que as juntas estão inflamadas, a doença torna-se bem menos ativa ou mesmo totalmente inativa. Os sintomas podem surgir e desaparecer durante longos períodos. Os ossos das vértebras da coluna crescem, formando pontes entre as vértebras, às vezes envolvendo completamente as juntas, impedindo assim que ela se mova, causando a rigidez denominada anquilose. A coluna lombar geralmente se torna rígida, bem como a região posterior superior do pescoço. É por esta razão que é muito importante que se mantenha uma boa postura. Algumas pessoas podem ter apenas uma sé- rie de leves dores e desconfortos, durante vários meses. Isso parece ser mais comum nas mulheres com espondilite aquilosante. Nesse estágio, a doença pode tanto desaparecer, como pode prosseguir causando rigidez na coluna dorsal ou mesmo no pescoço.

08. Como é o tratamento da espondilite anquilosante?
     Não há cura para a espondilite anquilosante e, embora a doença tenda a ser menos ativa conforme a idade avança, o paciente deve estar consciente de que o tratamento deve durar para sempre. O tratamento objetiva o alívio dos sintomas e a melhora da mobilidade da coluna onde estiver diminuída, permitindo ao paciente ter uma vida social e profissional normal. O tratamento engloba uso de medicamentos, fisioterapia, correção postural e exercícios, que devem ser adaptados a cada paciente. No tratamento medicamentoso convencional utilizam-se analgésicos para aliviar a dor. Existem várias substâncias capazes de reduzir ou eliminar a dor, que permitem ao paciente uma boa noite de sono e seguir um programa de exercícios. Os remédios podem ser sintomáticos como os analgésicos e os relaxantes musculares, ou então modificadores da evolução da doença, como a sulfasalazina e o metotrexato. Como existem estudos indicando que o uso contínuo de anti-inflamatórios não-hormonais pode reduzir a progressão radiológica da espondilite anquilosante, estes medicamentos também são considerados modificadores de doença.

09. E o que são as recentes terapias biológicas?
     Terapias biológicas representam um significativo avanço no tratamento dos portadores de 16 espondilite anquilosante, que não responderam ao tratamento convencional. A terapia biológica consiste em injeções subcutâneas ou intravenosas de medicações que combatem a dor, inflamação e as alterações da imunidade nas doen- ças acima mencionadas. Consiste de medicações à base de anticorpos monoclonais, proteínas de fusão celular, anti-interleucinas e bloqueadores da coestimulação do linfócito T, que se comportam como verdadeiros mísseis teleguiados que inativam, com precisão e segurança, determinados alvos constituídos por células, citocinas e mediadores imunes presentes de forma anormal na circula- ção dos portadores de espondilite anquilosante.

10. Qual é a importância dos exercícios na espondilite?
     O propósito dos exercícios é conscientizá-lo de sua postura, especialmente com relação às suas costas, e encorajar o movimento livre de algumas juntas, particularmente ombros e quadris. É importante fortalecer os músculos, pois o movimento reduzido, mesmo por um curto período de tempo, enfraquece-os, podendo levar muito tempo para reconstruí-los. Como parte do tratamento da espondilite anquilosante, é importante que ele cuide de sua saúde e postura. Isso inclui evitar o excesso de peso e de cansaço por longos períodos de trabalho ou por excesso de compromissos. O lema para o tratamento, o qual cada paciente deveria aprender e obedecer, é: É FUNÇÃO DO MÉDICO ALIVIAR A DOR E É FUNÇÃO DO PACIENTE PRATICAR EXERCÍCIOS E MANTER BOA POSTURA.

11. O paciente pode praticar qualquer tipo de esporte?
    Muitos pacientes perguntam quais atividades esportivas são apropriadas para eles. A atividade ideal é a natação, de preferência em piscina aquecida, pois utiliza todos os músculos e juntas sem friccioná-los. Esportes de contato não são indicados, pois as juntas podem ser danificadas. Andar de bicicleta também é uma forma de exercício bastante benéfica, pois mantém as juntas ativas, dando maior força às pernas. Além disso, é um bom exercício de respiração e auxilia na expansibilidade do tórax, por vezes diminuída pela espondilite anquilosante.